terça-feira, 27 de agosto de 2013

RECÍPROCA



Quando eu soube que você gostava de guitarra: aprendi a tocar.

Quando eu soube que você gostava de poesia: aprendi a escrever.

Quando eu soube que você gostava de rir: aprendi a cair.

Quando você soube que eu gostava de você:

aprendeu a gostar dos meus acordes desafinados,

dos meus verso embaralhados,

dos meus tombos forçados

e claro,

de mim ao seu lado.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Se eu tivesse medo, do que seria?
Da morte ou da vida?
Da dor ou do confortável?
Se eu tivesse medo!
Que medo seria?
Talvez fosse medo de morrer sem viver!
Se eu tivesse medo,
Talvez fosse medo de ter medo!
Talvez fosse medo do óbvio,
Do bestial, medo do ópio!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

“A última etapa do Édipo, a ‘castração’, pode dar uma ideia disso [da imagem fantasmática de todo Direito]. Quando o menino vive e resolve a situação trágica e benéfica da castração, ele aceita não ter o mesmo Direito (falo) que seu pai, e, particularmente, não ter o Direito de seu pai sobre sua mãe, que se revela então dotada do estatuto intolerável do duplo papel, mãe para o menino, mulher para o pai; mas, assumindo o fato de não ter o mesmo direito que seu pai, ele ganha, com isso, a segurança de vir a ter um dia, mais tarde, quando se tiver tornado adulto, o direito que agora lhe é recusado, por falta de ‘meios’. Ele tem apenas um direitozinho, que se tornará grande se ele próprio souber crescer, ‘tomando sua sopa todinha’. Quando, por seu lado, a menina vive e assume a situação trágica e benéfica da castração, ela aceita não ter o mesmo direito que sua mãe, aceita então duplamente não ter o mesmo direito (falo) que seu pai, uma vez que sua mãe não o tem (nada de falo), embora mulher, porque mulher, e ela aceita, ao mesmo tempo, não ter o mesmo direito que sua mãe, ou seja, não ser ainda uma mulher, como o é sua mãe. Mas ela ganha, em compensação, seu direitozinho: o de mocinha, e as promessas de um grande direito, direito inteiro de mulher, quando ela se tiver tornado adulta, se souber crescer, aceitando a Lei da Ordem humana, ou seja, submetendo-se a ela, se for necessário para a violar -, não tomando sua sopa ‘todinha’” (ALTHUSSER, 1976:68).

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

"Amigo mal vestido
Um copo de bebida
Barba mal feita
Oportunidade cedida
Sinal mal captado
Vontade atendida
Mal amanheceu
Chamada perdida
Mal começou
Já é despedida."

Roubado

Você assim com barba, todo lindo...
me enlaça, me rende, me vence, me prende a você.
Gosto de tocar, gosto de acarinhar e sentir
A textura, a doçura, a delícia que é você.
Não precisa mais falar, eu só quero é estar
No tom, na melodia, no ritmo, no embalo do momento, 
Meu momento com você.
Me beija.
E me deixa espetar a face
na tua masculinidade.
No teu cheiro de pêlo que exala,
que confunde a toda hora
o meu eu com o teu.
Enquanto enlaça o meu corpo, 
eu me deixo levar...
agora fecha esta porta,
bate-a com os pés
e deixa as mãos livres para mim,
que as minhas te acariçiam a barba
enquanto sou tua, apenas tua...

Fernanda de Salles Andrade
Apaixonante
E com nada posso comparar
O que sinto 
Quando encosta em mim
De leve 
Ou com toda força do mundo
Essa coisa maravilhosa
Não consigo mais pensar
Em nada
Porque pensar faz desistir

E desistir não quero
Apenas
Te quero, Barba.

Patrícia Hott