sábado, 11 de fevereiro de 2012

CARTA À GENTE A PLENOS PULMÕES



O governo que rege a vil lâmina
Seu tempo e neste seu povo
Aflige a língua deste e lhe cala as lâmpadas
Enquanto planta cálculos renais contra a confiança
E supura a crença de trabalhadora a trabalhador
Nisto mínimo de caminhar a motor do próprio suor

Ele governo galga patas por cima da história das vidas
Mutilando garantias para obnubilar conquistas
Converte casas em caixões como
Demônios pisando pétalas para colecionar carcaças de caules
Mas o governante se vai
E se esvai e ao partir será mastigado
Pelas pálpebras do povo
E depois cuspido como carrapato vivo
Até ser enterrado no olvido

A confiança e a crença de quem trabalha foi quebrada agora
Então faz trevas nos pratos dos filhos do povo
Que geme sem esperança de cura cada criança
E o governante arranca de todos o que resta de carne
Para expor em vitrines de açougues
A preço jamais módico porque baixo

Qual a voz mal-movida na língua
Destes que somos golpeados pelas costas
A faca bigume cravejada de carrapichos
E forjada e manobrada de caso pensado
Pela mentira e pela traição e pala insânia?
Insano o governante aterra os corpos que trabalham
E se forem de quem lê e leciona
Mais ainda ele vitima
Sem remorso e armado de cães até os ossos

Traidor o governante debita a vida de quem vota
Em uísque e terno e piscina
Mas já mentia desde a primeira hora
De palanque e santinhos que sujaram as ruas
E mesmo marcado pela mentira e perigoso
Segue a periclitar os mais mínimos bolsos

Ofendidos rebitados em armazéns de gente
Gente é para brilhar e a plenos pulmões
Rasguem-se das prateleiras
Arregimentem poesia e grito
Com a imponência de um deus quando marcha porque sabe que é invencível
Sua pátria é o território de seu trabalho
E nela se deposita o cuidado de família e brio
Então este que aí atravanca seu caminho
Merece pelo pescoço pagar o pato a pejado preço

Se lhes dizem que latem
E são da mesma natureza de sua carne
É porque são covardes de cara desaclarada
Escondem-se lambendo os bagos do dono
Mas sabem pedir as mais falsas desculpas e até engrossar suas fileiras
Se a balança mudar de lado

Lembrar-se de não se esquecer é o monumento mais material de um povo
E escrevi este poema com artroses de dores e minado de mágoa
De mim próprio professor assistindo a professores
Naufragados por um déspota
Mas agora que vértebra a vértebra ergo esta voz neste escrito
Já digo que professora a professor entre si tecidos
Arquitetam e engenham e forjam tal nau que
Pulsa e se propulsa contra mares em procela e cala
Até as Trombetas do Apocalipse.

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